Abaixo dos vídeos a transcrição integral do discurso.
Discurso do presidente Lula na cerimônia de entrega prêmio Carta Capital - parte 2
Discurso do Presidente Lula - “As Empresas mais admiradas no Brasil"
Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de premiação “As Empresas mais admiradas do Brasil”, promovida pela revista Carta Capital
São Paulo-SP, 18 de outubro de 2010
Meus queridos companheiros ministros Guido Mantega, da Fazenda; Carlos Gabas, da Previdência Social; Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e Orlando Silva, do Esporte,
Meu querido companheiro Roberto Requião, ex-governador do Paraná e futuro senador da República, e sua digníssima esposa,
Meu querido companheiro Eduardo Suplicy, senador da República,
Deputados federais: meu querido companheiro ex-ministro, ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo; André Vargas, do Paraná; Brizola Neto, do Rio de Janeiro; e Carlos Zarattini, de São Paulo,
Companheiro... Aliás, Brizola Neto, parabéns pelo teu blog,
Quero cumprimentar o companheiro Mino Carta, querido companheiro diretor da redação da revista Carta Capital,
Quero cumprimentar a companheira Manuela Carta,
Quero cumprimentar o companheiro Abilio Diniz,
Quero cumprimentar o companheiro Roberto Setúbal, por meio de quem cumprimento todos os empresários aqui presentes,
Quero cumprimentar os jornalistas aqui presentes,
Cumprimentar os nossos amigos e amigas aqui presentes,
Mino, primeiro, eu quero te dar os parabéns pelo exercício da democracia, coisa que eu não posso exercitá-la tão livremente como você exercitou hoje, da tribuna, porque quem está falando aqui não é o Lula, mas é a instituição Presidência da República, e eu preciso ser mais comedido do que Vossa Excelência no uso da palavra. Mas assinaria ipsis litteris o que você falou. E como faltam apenas 74 dias, 75, 72 – estou perdendo a conta – para que eu deixe a Presidência da República, Mino, eu vou dizer muitas coisas, depois que eu não for mais presidente, sobre liberdade, sobre democracia, e sobre o gostoso exercício de governar este país.
Eu estava ali sentado ao lado do Mino, ouvindo as palavras do Abilio Diniz. O Abilio Diniz, que em 1989 foi uma das figuras expoentes das eleições sem ser candidato, sem definir em quem ia votar, mas o Abilio tinha sido sequestrado em 1989, e ele foi liberado exatamente no dia ou na véspera do processo eleitoral, em 17 de novembro de 1989, momento em que tentavam vestir, no Abilio Diniz, ou convencê-lo de que era preciso colocar uma camisa do PT para dizer que era o PT que o tinha sequestrado. E hoje, depois desse episódio todo, eu tive uma relação de ódio com os sequestradores do Abilio Diniz – dez anos de ódio, Abilio –, e, já no final do governo passado, eu tive o privilégio de interceder junto ao governo passado, que não compensava o governo terminar com a morte dos sequestradores do Abilio Diniz, que estavam entrando num episódio de greve seca, ou seja, uma greve de fome sem beber sequer água, o que os levaria à morte fatal. Eu fui à cadeia conversar com eles e fui ao Palácio do Planalto conversar com o presidente, no dia 31 de dezembro, e fui conversar com o ministro da Justiça que não compensava. Era preciso que a gente pactuasse um jeito de não precisar morrer ninguém.
Hoje, te ouvindo fazer este discurso aqui, Abilio, eu, que estou no final de um mandato de oito anos, curtíssimo – longuíssimo para quem era oposição, mas curtíssimo para mim, que estava no mandato –, eu sou obrigado a dizer que vale a pena a gente acreditar no ser humano, vale a pena a gente acreditar nas pessoas, vale a pena a gente construir as possibilidades que a vida nos oferece. Eu acho que, possivelmente, aquele sequestro tenha servido de lições e de reflexões para você, tenha servido de acúmulo de ódio para mim.
Durante muito tempo eu achei que eu tinha perdido as eleições por conta daquilo. Depois eu passei a agradecer a Deus o fato de eu ter perdido as eleições e ter ficado 12 anos esperando para chegar à Presidência da República. Cheguei mais calejado, mais preparado, mais desaforado, mais ousado e vencedor de muitos dos preconceitos que se jogava contra mim. Eu lembro que nos momentos de crises profundas, em que alguém colocava dúvida sobre a economia brasileira, eis que tocava o telefone do Palácio do Planalto, era o companheiro Abilio Diniz dizendo: “Presidente, não se preocupe com as mentiras que estão sendo publicadas, porque nós estamos vendendo muito e o povo pobre está tendo acesso ao consumo de alimentos, coisa que não tinha antes”. Aquilo para mim, Abilio, era minha referência de que as coisas estavam acontecendo no nosso país.
Quero agradecer, aqui, o discurso do Roberto Setúbal. Não haveria nenhuma razão para eu estar agradecendo ao meu companheiro banqueiro, Roberto Setúbal, e ele, meu companheiro Roberto Setúbal, fazer um discurso de agradecimento e reconhecimento das coisas que o nosso governo fez. Eu acho que isso é um pouco da prática republicana deste país, de a gente aprender a superar as nossas divergências, estabelecendo uma relação democrática na diversidade, aprender a conviver com as divergências e aprender a construir um país que todos nós queremos que seja construído.
Eu, Mino, tinha um discurso bem feito, elaborado, de 38 páginas, mas eu tenho um problema com o avião, que se eu falar muito, eu não vou sair de Congonhas, tenho que ir até Cumbica para pegar, porque embora eu seja presidente, eu sou respeitador das regras, e eu não quero levantar voo depois das 11 horas, para não aparecer ninguém dizendo que eu estou desrespeitando uma regra que vale para todo mundo.
Mas, eu queria dizer para vocês que eu espero ser convidado depois que eu não for presidente da República, não sei a que título, porque ex-presidente da República é como vaso chinês. Quando você é presidente, você ganha um vaso chinês, você coloca na sua sala, ele ocupa um espaço imenso. Quando você deixa a Presidência, aquele vaso não vale para nada, e onde você vai colocar aquele vaso? No teu apartamento não tem lugar para colocar. E um ex-presidente é mais ou menos como um vaso chinês: não tem utilidade nenhuma. Causa um incômodo porque todo mundo quer saber o que vai fazer um ex-presidente, do que vai viver um ex-presidente, onde vai trabalhar um ex-presidente, de quantos conselhos ele vai participar, quantas palestras ele vai dar. Mas, realmente, não vale nada um ex-presidente. Ele valeria muito se ele ficasse quieto e deixasse o futuro presidente governar o país com tranquilidade, sem dar palpite.
Mas eu, ao terminar este mandato, Mino, e companheiros empresários, companheiros jornalistas e companheiros convidados, eu termino com a consciência tranquila, atendendo a alguns apelos da sociedade brasileira. Eu não sei, Mino, se você sabe – se você não sabe, vai ficar sabendo, para fazer uma matéria para o futuro –, você, que fez a primeira capa da IstoÉ comigo em 1978, portanto, há 20... ou melhor, 30 e poucos anos atrás – hein? Trinta e poucos anos atrás –, eu quero que você saiba que ao entregar a Presidência da República no dia 1º de janeiro, nós estaremos entregando a Presidência da República com a maior quantidade de universidades federais realizadas por um presidente da República, em toda a história republicana. Não apenas universidades federais, mas extensões universitárias, que serão 126 extensões universitárias por todo o território nacional.
Você receberá... o novo presidente receberá este país com o maior investimento em ciência e tecnologia já feito na história deste país, com R$ 41 bilhões investidos até o dia 31 de dezembro, fazendo com que o Brasil ultrapasse a Rússia e a Holanda na publicação de artigos científicos nas revistas especializadas, no mundo inteiro. Você irá... a pessoa... quem assumir a Presidência irá receber um país em que nós teremos feito, em oito anos, uma vez e meia o que foi feito num século, de escolas técnicas neste país, ou seja, são 214 escolas técnicas em oito anos, contra 140 em cem anos neste país.
Este país mudou, este país mudou porque nós acreditamos neste país. Este país mudou porque nós tiramos 28 milhões de pessoas da pobreza e elevamos 36 milhões de brasileiros para a classe média brasileira, transformando a população de classe média em mais de 50% da população brasileira, para comprar mais aço do Gerdau, para comprar mais leite da Nestlé, para comprar mais produtos da Natura, para abrir mais contas no Itaú, para comprar mais no Extra, para comprar mais no Pão de Açúcar, ou seja, para comprar mais as coisas que vocês produzem, fabricam e oferecem ao consumidor brasileiro.
Este país mudou porque a indústria naval brasileira, companheiro José Sergio Gabrielli, que na década de 70 era a indústria naval, a segunda do mundo, e que desapareceu nos anos 90, ressurge em 2010 com 50 mil trabalhadores, com milhões de dólares investidos pela Petrobras, com a construção de plataformas, de sondas, de navios, de grandes petroleiros e estaleiros construídos neste país.
Este país deu um salto de qualidade porque a construção civil brasileira se recuperou, meu querido Miguel Jorge. Desde o governo Geisel, que endividou este país para que a gente tivesse investimento em infraestrutura, que este país não investia em infraestrutura, Guido Mantega. Este país passou 25 anos pagando dívida para poder sobreviver. Graças a Deus, eu vou terminar o mandato, Mino Carta, podendo dizer a vocês que nós – que cinco anos atrás, na Índia, eu imaginava que um dia o Brasil iria ter US$ 100 bilhões de reservas –, nós vamos terminar o mandato, Guido Mantega, se você me ajudar, com US$ 300 bilhões de reservas, para ninguém ter medo de vender para o Brasil ou de comercializar com o Brasil, porque nós teremos dinheiro para pagar as nossas dívidas e não devemos ao FMI. Pelo contrário, eles nos devem, e em vez de eles virem aqui fiscalizar o Brasil, Guido, é você que, de vez em quando, precisa ir fiscalizar o FMI para saber se eles estão fazendo as coisas corretas.
Eu estou vendo, companheiro Mino Carta, a greve na França agora, estou vendo a crise na Espanha, a crise em Portugal, a crise nos Estados Unidos, a crise na Alemanha. Como é que pode um país como a Grécia causar a crise que causou na Europa? Qual é a justificativa econômica, política de um país do tamanho da Grécia levar a Europa a uma crise profunda e sem precedentes, senão a explicação da incompetência política, da falta de liderança, da [falta de] tomada de posição na hora certa, [da falta] de fazer as coisas que têm que ser feitas? E isso, Mino, a gente não aprende na universidade. É a lei da sobrevivência, é a lei da provação todos os dias.
Eu digo sempre: eu governei oito anos, Mino, tendo que provar, a cada dia, a minha existência. A elite brasileira não tem que provar nada. Eles erram, afundam o Brasil e não têm que provar nada. Terminam o mandato, passam três, quatro anos na Europa, vão fazer pós-graduação em Harvard, na Sorbonne, voltam e continuam do mesmo jeito. Eu é que tenho que provar a cada dia que este país tinha que dar certo. Então, vamos entregar este país, Mino, numa condição em que nunca antes na história do país um presidente entregou para o outro nas condições em que vamos entregar: um país em ascensão e não um país em descenso; um país com a classe trabalhadora ganhando mais, com os aposentados ganhando mais, sem tentar fazer na campanha um leilão de benefícios, como eu tenho visto. Ah, como é fácil prometer em eleição! E eu não vejo, não vejo as críticas necessárias à irresponsabilidade. Quando eu queria dar 2% de aumento para os aposentados, eu estava “quebrando a Previdência”. Eu vejo na televisão alguém dizer: “Eu vou dar “tanto” por cento e eu sei como é que faz, e tem dinheiro”. E ninguém fala nada, como se valesse a mentira sobre a verdade, como se valesse a mesquinhez sobre a seriedade que nós temos que ter para transformar este país na quinta, na quarta, na terceira economia do mundo. Nós temos condições, nós temos possibilidades, e nós provamos que é possível.
Eu duvido que tenha um empresário neste país que diga que ganhou menos dinheiro no meu governo do que no governo dos outros, que pareciam ser amigos dos empresários. Eu duvido que tenha trabalhadores que ganharam... – e eu fui sindicalista durante 20 anos – eu duvido que tenha, no movimento sindical, momento da história em que eles ganharam o que estão ganhando hoje. No fundo, no fundo, a junção entre eu e o Zé Alencar, em mil... ou melhor, em 2002, foi aquilo que todo mundo sonhava fazer, que era estabelecer uma harmonia entre capital e trabalho, para poder fazer este país crescer. Quais foram as greves que nós tivemos no nosso mandato, Mino? Quem foi que queimou carros neste país? Quem foi que queimou casa, quem foi que tocou fogo...? Nada! Este país viveu harmonicamente durante oito anos como jamais ele viveu, numa demonstração de que é possível, na medida em que a gente confie no outro, na medida em que a gente trabalhe em harmonia, na medida em que a gente pense no futuro do país.
É assim, meu querido Abilio Diniz, que eu vou entregar este país: os pobres comendo mais, os pobres entrando no shopping, abrindo conta no Itaú, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, no Bradesco. Os pobres já não são mais tratados como marginais. Eles já podem entrar de sandálias Havaianas num banco e não são tratados como se fossem párias da sociedade. Os catadores de papel de São Paulo têm conta em banco, e tem 220 milhões de empréstimo do BNDES para os companheiros que catam papel.
Eu lembro, Mino, e vou terminar dizendo isso, que um dia eu perguntei ao companheiro Guido Mantega: se nós éramos um país de economia capitalista, por que a gente não adotava uma política capitalista para este país? E perguntei ao Guido Mantega quanto crédito a gente disponibilizado neste país. Meu caro Gerdau, em março de 2003, este país de economia capitalista tinha apenas R$ 380 bilhões de crédito disponibilizado para 190 milhões de habitantes. Eu, na minha consciência socialista, dizia: que desgraça de país de economia capitalista é este, que o povo não tem capital, que não tem crédito e que os bancos não emprestam dinheiro para o povo? Pois bem, nós vamos entregar este país, a quem vier depois de mim, com crédito de US$ 1 trilhão e 600 bilhões. Nós... somente o Banco do Brasil hoje... somente o Banco do Brasil – eu não sei o Itaú, porque você não me contou, Roberto –, mas somente o Banco do Brasil hoje tem todo o crédito que o Brasil inteiro tinha em 2003. Somente a Caixa Econômica Federal, Guido, tem 175 bilhões. Somente o Banco do Brasil tem 360 bilhões. Somente o BNDES, que emprestava, no máximo, 30 ou 40 bilhões, tem hoje mais de 150 bilhões emprestados, e nós achamos que é pouco.
O Guido sabe que na crise econômica a gente discutiu: este país não sairá da crise, Guido, se não tiver crédito. Trate de liberar compulsório, trate de comprar carteira de banco pequeno, trate de comprar carteira para liberar os bancos menores, trate de fazer com que a gente abra isenção de IPI, de imposto para os produtos de consumo popular. E foi exatamente, Mino, foi exatamente essa política anticíclica que o Guido colocou em prática, junto com o Miguel Jorge, que fez com que este país se sobressaísse melhor do que o império Estados Unidos ou do que a Europa. Eles que sabiam tudo, eles que davam palpite em tudo, eles que sabiam a solução de todos os problemas da Humanidade quando a crise era na América Central, mas quando a crise molhou eles, eles não souberam como resolver o problema.
Então, companheiros e companheiras, primeiro, meus parabéns pelas empresas que receberam os prêmios. Aliás, tem algumas empresas, Mino, que você tem que rever porque tem algumas que ganham o prêmio todos os anos, todos os anos. Nós precisamos mudar aí, tentar... não incluir, não inscrever mais essas empresas nas pesquisas, porque está demais. Tem uma tal de Natura, uma tal de Nestlé, uma tal de Vale do Rio Doce, uma tal de Petrobras, uma tal de Gerdau que todos os anos elas ganham em primeiro lugar, segundo lugar, primeiro lugar, segundo lugar! Se fosse um concurso de Miss Brasil, onde é que a gente ficaria?
Bem, primeiro, dar os parabéns a vocês porque o prêmio que vocês ganharam e os elogios são merecidos. Realmente, eu acho que nós precisamos aprender a gostar das coisas deste país, a valorizar a empresa nacional, a valorizar o trabalhador brasileiro, e eu acho que vocês são a síntese melhor do que a gente tem neste país.
Em segundo lugar, Mino, parabenizar a Carta Capital, e dizer para você da minha solidariedade, porque ontem, ontem uma revista da CUT foi proibida de circular neste país porque trazia a fotografia da candidata Dilma na capa. Eles, que falam em democracia; eles, que falam em liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Eu, por coincidência... não vou dizer qual é a revista, mas eu vi uma revista esta semana, com uma fotografia na capa, que é um acinte à democracia. Vocês riram? Eu nem falei para vocês qual é a revista! No fundo, no fundo, todo mundo sabe da hipocrisia que reina neste país. Todo mundo sabe, mas, muitas vezes, nós fingimos que não é conosco, e só vamos sentir a dor quando for a gente que estiver na capa da revista, porque neste país ninguém tem que provar nada, é só acusar. Acuse, acuse! Depois você não tem que provar a inocência de ninguém. É o acusado, mesmo que inocente, que tem que provar a sua inocência, e quando é provada a sua inocência não sai uma nota no pé de um jornal deste país.
Eu sei, Mino, o que você sentiu, eu sei. Eu sei o que você sentiu quando fez o jornal República, quando fez a revista Veja, quando fez a revista IstoÉ, quando fez o Jornal da Tarde, eu sei, porque neste país, ser sério é um afronta àqueles que governaram este país a vida inteira e nunca agiram com seriedade.
Eu quero dizer para vocês que eu vou terminar o meu mandato com o orgulho de nunca ter precisado almoçar num jornal, numa revista ou numa televisão, nunca. E não faço isso por orgulho, faço isso por independência de não precisar jantar nem almoçar com ninguém, de pedir favor a quem quer que seja para me colocar na última, na primeira ou na página do meio. Eu, a única coisa que eu quero é que digam a verdade e somente a verdade, contra ou a favor, mas digam apenas a verdade. E enquanto a classe política, Eduardo, não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país, esteja certo disso. A covardia, a covardia, a covardia é muito grande neste país. Eu acho que nós estamos construindo uma outra nação, e eu estou dizendo isso no final do meu mandato. Daqui a 74 dias eu não tenho mais imunidade, eu não tenho mais nada, eu vou ser um cidadão livre para poder falar o que eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser. E se você quiser, Mino, ainda de sobra, escreverei um artigozinho na Carta Capital, para fazer as coisas que eu acho que tem que fazer.
Parabéns, Mino. Parabéns a todos vocês, e que Deus ajude este país a continuar crescendo e se fortalecendo.
Um abraço.
Luiz Inácio Lula da Silva
São Paulo-SP, 18 de outubro de 2010
Meus queridos companheiros ministros Guido Mantega, da Fazenda; Carlos Gabas, da Previdência Social; Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e Orlando Silva, do Esporte,
Meu querido companheiro Roberto Requião, ex-governador do Paraná e futuro senador da República, e sua digníssima esposa,
Meu querido companheiro Eduardo Suplicy, senador da República,
Deputados federais: meu querido companheiro ex-ministro, ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo; André Vargas, do Paraná; Brizola Neto, do Rio de Janeiro; e Carlos Zarattini, de São Paulo,
Companheiro... Aliás, Brizola Neto, parabéns pelo teu blog,
Quero cumprimentar o companheiro Mino Carta, querido companheiro diretor da redação da revista Carta Capital,
Quero cumprimentar a companheira Manuela Carta,
Quero cumprimentar o companheiro Abilio Diniz,
Quero cumprimentar o companheiro Roberto Setúbal, por meio de quem cumprimento todos os empresários aqui presentes,
Quero cumprimentar os jornalistas aqui presentes,
Cumprimentar os nossos amigos e amigas aqui presentes,
Mino, primeiro, eu quero te dar os parabéns pelo exercício da democracia, coisa que eu não posso exercitá-la tão livremente como você exercitou hoje, da tribuna, porque quem está falando aqui não é o Lula, mas é a instituição Presidência da República, e eu preciso ser mais comedido do que Vossa Excelência no uso da palavra. Mas assinaria ipsis litteris o que você falou. E como faltam apenas 74 dias, 75, 72 – estou perdendo a conta – para que eu deixe a Presidência da República, Mino, eu vou dizer muitas coisas, depois que eu não for mais presidente, sobre liberdade, sobre democracia, e sobre o gostoso exercício de governar este país.
Eu estava ali sentado ao lado do Mino, ouvindo as palavras do Abilio Diniz. O Abilio Diniz, que em 1989 foi uma das figuras expoentes das eleições sem ser candidato, sem definir em quem ia votar, mas o Abilio tinha sido sequestrado em 1989, e ele foi liberado exatamente no dia ou na véspera do processo eleitoral, em 17 de novembro de 1989, momento em que tentavam vestir, no Abilio Diniz, ou convencê-lo de que era preciso colocar uma camisa do PT para dizer que era o PT que o tinha sequestrado. E hoje, depois desse episódio todo, eu tive uma relação de ódio com os sequestradores do Abilio Diniz – dez anos de ódio, Abilio –, e, já no final do governo passado, eu tive o privilégio de interceder junto ao governo passado, que não compensava o governo terminar com a morte dos sequestradores do Abilio Diniz, que estavam entrando num episódio de greve seca, ou seja, uma greve de fome sem beber sequer água, o que os levaria à morte fatal. Eu fui à cadeia conversar com eles e fui ao Palácio do Planalto conversar com o presidente, no dia 31 de dezembro, e fui conversar com o ministro da Justiça que não compensava. Era preciso que a gente pactuasse um jeito de não precisar morrer ninguém.
Hoje, te ouvindo fazer este discurso aqui, Abilio, eu, que estou no final de um mandato de oito anos, curtíssimo – longuíssimo para quem era oposição, mas curtíssimo para mim, que estava no mandato –, eu sou obrigado a dizer que vale a pena a gente acreditar no ser humano, vale a pena a gente acreditar nas pessoas, vale a pena a gente construir as possibilidades que a vida nos oferece. Eu acho que, possivelmente, aquele sequestro tenha servido de lições e de reflexões para você, tenha servido de acúmulo de ódio para mim.
Durante muito tempo eu achei que eu tinha perdido as eleições por conta daquilo. Depois eu passei a agradecer a Deus o fato de eu ter perdido as eleições e ter ficado 12 anos esperando para chegar à Presidência da República. Cheguei mais calejado, mais preparado, mais desaforado, mais ousado e vencedor de muitos dos preconceitos que se jogava contra mim. Eu lembro que nos momentos de crises profundas, em que alguém colocava dúvida sobre a economia brasileira, eis que tocava o telefone do Palácio do Planalto, era o companheiro Abilio Diniz dizendo: “Presidente, não se preocupe com as mentiras que estão sendo publicadas, porque nós estamos vendendo muito e o povo pobre está tendo acesso ao consumo de alimentos, coisa que não tinha antes”. Aquilo para mim, Abilio, era minha referência de que as coisas estavam acontecendo no nosso país.
Quero agradecer, aqui, o discurso do Roberto Setúbal. Não haveria nenhuma razão para eu estar agradecendo ao meu companheiro banqueiro, Roberto Setúbal, e ele, meu companheiro Roberto Setúbal, fazer um discurso de agradecimento e reconhecimento das coisas que o nosso governo fez. Eu acho que isso é um pouco da prática republicana deste país, de a gente aprender a superar as nossas divergências, estabelecendo uma relação democrática na diversidade, aprender a conviver com as divergências e aprender a construir um país que todos nós queremos que seja construído.
Eu, Mino, tinha um discurso bem feito, elaborado, de 38 páginas, mas eu tenho um problema com o avião, que se eu falar muito, eu não vou sair de Congonhas, tenho que ir até Cumbica para pegar, porque embora eu seja presidente, eu sou respeitador das regras, e eu não quero levantar voo depois das 11 horas, para não aparecer ninguém dizendo que eu estou desrespeitando uma regra que vale para todo mundo.
Mas, eu queria dizer para vocês que eu espero ser convidado depois que eu não for presidente da República, não sei a que título, porque ex-presidente da República é como vaso chinês. Quando você é presidente, você ganha um vaso chinês, você coloca na sua sala, ele ocupa um espaço imenso. Quando você deixa a Presidência, aquele vaso não vale para nada, e onde você vai colocar aquele vaso? No teu apartamento não tem lugar para colocar. E um ex-presidente é mais ou menos como um vaso chinês: não tem utilidade nenhuma. Causa um incômodo porque todo mundo quer saber o que vai fazer um ex-presidente, do que vai viver um ex-presidente, onde vai trabalhar um ex-presidente, de quantos conselhos ele vai participar, quantas palestras ele vai dar. Mas, realmente, não vale nada um ex-presidente. Ele valeria muito se ele ficasse quieto e deixasse o futuro presidente governar o país com tranquilidade, sem dar palpite.
Mas eu, ao terminar este mandato, Mino, e companheiros empresários, companheiros jornalistas e companheiros convidados, eu termino com a consciência tranquila, atendendo a alguns apelos da sociedade brasileira. Eu não sei, Mino, se você sabe – se você não sabe, vai ficar sabendo, para fazer uma matéria para o futuro –, você, que fez a primeira capa da IstoÉ comigo em 1978, portanto, há 20... ou melhor, 30 e poucos anos atrás – hein? Trinta e poucos anos atrás –, eu quero que você saiba que ao entregar a Presidência da República no dia 1º de janeiro, nós estaremos entregando a Presidência da República com a maior quantidade de universidades federais realizadas por um presidente da República, em toda a história republicana. Não apenas universidades federais, mas extensões universitárias, que serão 126 extensões universitárias por todo o território nacional.
Você receberá... o novo presidente receberá este país com o maior investimento em ciência e tecnologia já feito na história deste país, com R$ 41 bilhões investidos até o dia 31 de dezembro, fazendo com que o Brasil ultrapasse a Rússia e a Holanda na publicação de artigos científicos nas revistas especializadas, no mundo inteiro. Você irá... a pessoa... quem assumir a Presidência irá receber um país em que nós teremos feito, em oito anos, uma vez e meia o que foi feito num século, de escolas técnicas neste país, ou seja, são 214 escolas técnicas em oito anos, contra 140 em cem anos neste país.
Este país mudou, este país mudou porque nós acreditamos neste país. Este país mudou porque nós tiramos 28 milhões de pessoas da pobreza e elevamos 36 milhões de brasileiros para a classe média brasileira, transformando a população de classe média em mais de 50% da população brasileira, para comprar mais aço do Gerdau, para comprar mais leite da Nestlé, para comprar mais produtos da Natura, para abrir mais contas no Itaú, para comprar mais no Extra, para comprar mais no Pão de Açúcar, ou seja, para comprar mais as coisas que vocês produzem, fabricam e oferecem ao consumidor brasileiro.
Este país mudou porque a indústria naval brasileira, companheiro José Sergio Gabrielli, que na década de 70 era a indústria naval, a segunda do mundo, e que desapareceu nos anos 90, ressurge em 2010 com 50 mil trabalhadores, com milhões de dólares investidos pela Petrobras, com a construção de plataformas, de sondas, de navios, de grandes petroleiros e estaleiros construídos neste país.
Este país deu um salto de qualidade porque a construção civil brasileira se recuperou, meu querido Miguel Jorge. Desde o governo Geisel, que endividou este país para que a gente tivesse investimento em infraestrutura, que este país não investia em infraestrutura, Guido Mantega. Este país passou 25 anos pagando dívida para poder sobreviver. Graças a Deus, eu vou terminar o mandato, Mino Carta, podendo dizer a vocês que nós – que cinco anos atrás, na Índia, eu imaginava que um dia o Brasil iria ter US$ 100 bilhões de reservas –, nós vamos terminar o mandato, Guido Mantega, se você me ajudar, com US$ 300 bilhões de reservas, para ninguém ter medo de vender para o Brasil ou de comercializar com o Brasil, porque nós teremos dinheiro para pagar as nossas dívidas e não devemos ao FMI. Pelo contrário, eles nos devem, e em vez de eles virem aqui fiscalizar o Brasil, Guido, é você que, de vez em quando, precisa ir fiscalizar o FMI para saber se eles estão fazendo as coisas corretas.
Eu estou vendo, companheiro Mino Carta, a greve na França agora, estou vendo a crise na Espanha, a crise em Portugal, a crise nos Estados Unidos, a crise na Alemanha. Como é que pode um país como a Grécia causar a crise que causou na Europa? Qual é a justificativa econômica, política de um país do tamanho da Grécia levar a Europa a uma crise profunda e sem precedentes, senão a explicação da incompetência política, da falta de liderança, da [falta de] tomada de posição na hora certa, [da falta] de fazer as coisas que têm que ser feitas? E isso, Mino, a gente não aprende na universidade. É a lei da sobrevivência, é a lei da provação todos os dias.
Eu digo sempre: eu governei oito anos, Mino, tendo que provar, a cada dia, a minha existência. A elite brasileira não tem que provar nada. Eles erram, afundam o Brasil e não têm que provar nada. Terminam o mandato, passam três, quatro anos na Europa, vão fazer pós-graduação em Harvard, na Sorbonne, voltam e continuam do mesmo jeito. Eu é que tenho que provar a cada dia que este país tinha que dar certo. Então, vamos entregar este país, Mino, numa condição em que nunca antes na história do país um presidente entregou para o outro nas condições em que vamos entregar: um país em ascensão e não um país em descenso; um país com a classe trabalhadora ganhando mais, com os aposentados ganhando mais, sem tentar fazer na campanha um leilão de benefícios, como eu tenho visto. Ah, como é fácil prometer em eleição! E eu não vejo, não vejo as críticas necessárias à irresponsabilidade. Quando eu queria dar 2% de aumento para os aposentados, eu estava “quebrando a Previdência”. Eu vejo na televisão alguém dizer: “Eu vou dar “tanto” por cento e eu sei como é que faz, e tem dinheiro”. E ninguém fala nada, como se valesse a mentira sobre a verdade, como se valesse a mesquinhez sobre a seriedade que nós temos que ter para transformar este país na quinta, na quarta, na terceira economia do mundo. Nós temos condições, nós temos possibilidades, e nós provamos que é possível.
Eu duvido que tenha um empresário neste país que diga que ganhou menos dinheiro no meu governo do que no governo dos outros, que pareciam ser amigos dos empresários. Eu duvido que tenha trabalhadores que ganharam... – e eu fui sindicalista durante 20 anos – eu duvido que tenha, no movimento sindical, momento da história em que eles ganharam o que estão ganhando hoje. No fundo, no fundo, a junção entre eu e o Zé Alencar, em mil... ou melhor, em 2002, foi aquilo que todo mundo sonhava fazer, que era estabelecer uma harmonia entre capital e trabalho, para poder fazer este país crescer. Quais foram as greves que nós tivemos no nosso mandato, Mino? Quem foi que queimou carros neste país? Quem foi que queimou casa, quem foi que tocou fogo...? Nada! Este país viveu harmonicamente durante oito anos como jamais ele viveu, numa demonstração de que é possível, na medida em que a gente confie no outro, na medida em que a gente trabalhe em harmonia, na medida em que a gente pense no futuro do país.
É assim, meu querido Abilio Diniz, que eu vou entregar este país: os pobres comendo mais, os pobres entrando no shopping, abrindo conta no Itaú, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, no Bradesco. Os pobres já não são mais tratados como marginais. Eles já podem entrar de sandálias Havaianas num banco e não são tratados como se fossem párias da sociedade. Os catadores de papel de São Paulo têm conta em banco, e tem 220 milhões de empréstimo do BNDES para os companheiros que catam papel.
Eu lembro, Mino, e vou terminar dizendo isso, que um dia eu perguntei ao companheiro Guido Mantega: se nós éramos um país de economia capitalista, por que a gente não adotava uma política capitalista para este país? E perguntei ao Guido Mantega quanto crédito a gente disponibilizado neste país. Meu caro Gerdau, em março de 2003, este país de economia capitalista tinha apenas R$ 380 bilhões de crédito disponibilizado para 190 milhões de habitantes. Eu, na minha consciência socialista, dizia: que desgraça de país de economia capitalista é este, que o povo não tem capital, que não tem crédito e que os bancos não emprestam dinheiro para o povo? Pois bem, nós vamos entregar este país, a quem vier depois de mim, com crédito de US$ 1 trilhão e 600 bilhões. Nós... somente o Banco do Brasil hoje... somente o Banco do Brasil – eu não sei o Itaú, porque você não me contou, Roberto –, mas somente o Banco do Brasil hoje tem todo o crédito que o Brasil inteiro tinha em 2003. Somente a Caixa Econômica Federal, Guido, tem 175 bilhões. Somente o Banco do Brasil tem 360 bilhões. Somente o BNDES, que emprestava, no máximo, 30 ou 40 bilhões, tem hoje mais de 150 bilhões emprestados, e nós achamos que é pouco.
O Guido sabe que na crise econômica a gente discutiu: este país não sairá da crise, Guido, se não tiver crédito. Trate de liberar compulsório, trate de comprar carteira de banco pequeno, trate de comprar carteira para liberar os bancos menores, trate de fazer com que a gente abra isenção de IPI, de imposto para os produtos de consumo popular. E foi exatamente, Mino, foi exatamente essa política anticíclica que o Guido colocou em prática, junto com o Miguel Jorge, que fez com que este país se sobressaísse melhor do que o império Estados Unidos ou do que a Europa. Eles que sabiam tudo, eles que davam palpite em tudo, eles que sabiam a solução de todos os problemas da Humanidade quando a crise era na América Central, mas quando a crise molhou eles, eles não souberam como resolver o problema.
Então, companheiros e companheiras, primeiro, meus parabéns pelas empresas que receberam os prêmios. Aliás, tem algumas empresas, Mino, que você tem que rever porque tem algumas que ganham o prêmio todos os anos, todos os anos. Nós precisamos mudar aí, tentar... não incluir, não inscrever mais essas empresas nas pesquisas, porque está demais. Tem uma tal de Natura, uma tal de Nestlé, uma tal de Vale do Rio Doce, uma tal de Petrobras, uma tal de Gerdau que todos os anos elas ganham em primeiro lugar, segundo lugar, primeiro lugar, segundo lugar! Se fosse um concurso de Miss Brasil, onde é que a gente ficaria?
Bem, primeiro, dar os parabéns a vocês porque o prêmio que vocês ganharam e os elogios são merecidos. Realmente, eu acho que nós precisamos aprender a gostar das coisas deste país, a valorizar a empresa nacional, a valorizar o trabalhador brasileiro, e eu acho que vocês são a síntese melhor do que a gente tem neste país.
Em segundo lugar, Mino, parabenizar a Carta Capital, e dizer para você da minha solidariedade, porque ontem, ontem uma revista da CUT foi proibida de circular neste país porque trazia a fotografia da candidata Dilma na capa. Eles, que falam em democracia; eles, que falam em liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Eu, por coincidência... não vou dizer qual é a revista, mas eu vi uma revista esta semana, com uma fotografia na capa, que é um acinte à democracia. Vocês riram? Eu nem falei para vocês qual é a revista! No fundo, no fundo, todo mundo sabe da hipocrisia que reina neste país. Todo mundo sabe, mas, muitas vezes, nós fingimos que não é conosco, e só vamos sentir a dor quando for a gente que estiver na capa da revista, porque neste país ninguém tem que provar nada, é só acusar. Acuse, acuse! Depois você não tem que provar a inocência de ninguém. É o acusado, mesmo que inocente, que tem que provar a sua inocência, e quando é provada a sua inocência não sai uma nota no pé de um jornal deste país.
Eu sei, Mino, o que você sentiu, eu sei. Eu sei o que você sentiu quando fez o jornal República, quando fez a revista Veja, quando fez a revista IstoÉ, quando fez o Jornal da Tarde, eu sei, porque neste país, ser sério é um afronta àqueles que governaram este país a vida inteira e nunca agiram com seriedade.
Eu quero dizer para vocês que eu vou terminar o meu mandato com o orgulho de nunca ter precisado almoçar num jornal, numa revista ou numa televisão, nunca. E não faço isso por orgulho, faço isso por independência de não precisar jantar nem almoçar com ninguém, de pedir favor a quem quer que seja para me colocar na última, na primeira ou na página do meio. Eu, a única coisa que eu quero é que digam a verdade e somente a verdade, contra ou a favor, mas digam apenas a verdade. E enquanto a classe política, Eduardo, não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país, esteja certo disso. A covardia, a covardia, a covardia é muito grande neste país. Eu acho que nós estamos construindo uma outra nação, e eu estou dizendo isso no final do meu mandato. Daqui a 74 dias eu não tenho mais imunidade, eu não tenho mais nada, eu vou ser um cidadão livre para poder falar o que eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser. E se você quiser, Mino, ainda de sobra, escreverei um artigozinho na Carta Capital, para fazer as coisas que eu acho que tem que fazer.
Parabéns, Mino. Parabéns a todos vocês, e que Deus ajude este país a continuar crescendo e se fortalecendo.
Um abraço.
Luiz Inácio Lula da Silva
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