quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Lula: “Economia solidária brasileira é exemplo para o mundo”




Íntegra do discurso do presidente (clique para escutar): Lula no Conselho Nacional de Economia Solidária

Assista a parte final do discurso. A transcrição está logo abaixo.




Parte final do discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião plenária do Conselho Nacional de Economia Solidária
Palácio do Planalto, 17 de novembro de 2010

"Eu, todo ano, no dia 23 de dezembro, vou, embaixo de um viaduto, lá em São Paulo, me encontrar com os companheiros que não querem mais ser chamados de “catadores de papéis”, estão agora chiques, agora são “catadores de materiais recicláveis”.

E eu tive a oportunidade de ir com esses companheiros ao BNDES quando, pela primeira vez na história do BNDES, catadores de papel entraram lá para fazer um crédito. E na última vez que eu fui lá, foi disponibilizado R$ 200 milhões de crédito para as cooperativas do Brasil inteiro.

E este ano é o meu último ano, mas, se Deus quiser, levarei a Dilma para passar o bastão para ela lá. É importante porque é isso, gente, é isso que faz acontecer o milagre da crença do povo. Um governo não pode ser medido apenas pela quantidade de quilômetros quadrados, pela quantidade de trilho, pela quantidade de ferro, pela quantidade de casa. O governo, também, ele é medido pela qualidade da relação que ele estabelece com a sociedade.

Na hora em que a gente estabelece essa relação verdadeira, em que eu olho nos olhos de vocês e vejo que vocês não estão mentindo para mim, e vocês olham nos meus olhos e veem que eu não estou mentindo para vocês, está consolidada a coisa mais perfeita da nossa passagem pela terra, que é a confiança entre seres humanos, é uma convivência um pouco de amor, sem egoísmo.

Porque no fundo, no fundo, o que é ser presidente da República? Qual é a diferença de ser presidente da República e ser presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, que eu fui durante tanto tempo? Qual é a diferença de ser presidente da República e ser diretor, ser presidente do... ser o síndico do prédio?

Os problemas são os mesmos, as pessoas são as mesmas. Pode ter uma dimensão maior ou menor, mas no fundo, no fundo, o que conta é que se você exerce uma função de direção em algum lugar, só vale a pena você exercer se as pessoas que te elegeram confiarem em você, se as pessoas que te elegeram acharem que você está fazendo aquilo que elas queriam que você fizesse quando elegeram.

Então, eu vou deixar o governo daqui a um mês e está vindo rápido. Demorou tanto para a oposição mas, para mim, foi tão rápido. E eu saio com duas coisas que eu acho que são as coisas que marcam a minha vida. Primeiro, a relação de confiança verdadeira. Eu nunca, em nenhum momento da minha vida, perdi a noção de onde eu vim e, muito menos, perdi a noção para onde eu vou.

Nunca, em nenhum momento, poderia estar andando na carruagem com a Rainha da Inglaterra, ou com a Rainha da Suécia, ou poderia estar em uma reunião do G20, eu nunca perdi a noção de quem, neste país, ao longo de tantos anos, eram os meus companheiros.

Porque alguns são companheiros eventuais, e outros são companheiros para sempre, ou seja, os mesmos que não me chamam de presidente, que me tratam de companheiro Lula, ou lá no Sindicato, que me chamam de “baiano”, quando não me chamam de outras coisas, ou seja, a peãozada metida, que não aprendeu nem a me chamar de “excelência”. Mas eu tenho certeza que quando eu não for mais Presidente, são esses companheiros que serão os meus companheiros até outra jornada que nós vamos levar.

E eu tenho a convicção de que vocês, companheiros e companheiras da Economia Solidária, ainda não foram reconhecidos, não foram reconhecidos pela grande imprensa, não foram reconhecidos ainda pelos grandes economistas, não foram ainda reconhecidos por muitos lugares que deveriam reconhecer, porque no momento em que os pseudosábios deste país não sabiam o que fazer com o desespero de um trabalhador desempregado, vocês, humildemente, apresentavam uma mão de esperança para as pessoas começarem a acreditar outra vez.

E eu acho... E não é, e não é todo mundo que aprendeu a dar valor a isso, não é todo mundo. Essa é uma coisa que, às vezes, não é o número que fala alto, é o gesto. Às vezes, essa é uma coisa que a gente não vê com a sabedoria da nossa consciência, mas que a gente vê com o sentimento do nosso coração. E eu sei o quanto vocês batalharam para chegar aonde nós chegamos.

O que é importante é que vocês acreditaram e continuam acreditando, porque, se Deus quiser, a nossa presidenta, que tomará posse no dia 1º de janeiro, vai fazer mais e melhor do que nós fizemos até agora. 

Um abraço e parabéns a todos vocês." (Presidente Lula)
 
Fonte: Blog do Planalto.



O Brasil agora tem o primeiro Sistema de Comércio Justo e Solidário do mundo reconhecido e fomentado pelo Estado, graças ao decreto assinado pelo presidente Lula durante a reunião plenária do Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES), realizada nesta quarta-feira (17/11) em Brasília (DF).

Com ele será possível consolidar e ampliar as políticas públicas para o setor e tornar perenes as conquistas dos trabalhadores brasileiros, disse o presidente durante o seu discurso na solenidade. Na oportunidade, também foi assinado decreto instituindo o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas.

O Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário é um conjunto de parâmetros a serem seguidos na execução de políticas públicas voltadas à geração de trabalho e renda por meio de ações de promoção da economia solidária e do comércio justo.

Entre seus objetivos estão: apoiar processos de educação para o consumo com vistas à adoção de hábitos sustentáveis e à organização dos consumidores para a compra dos produtos e serviços do comércio justo e solidário; fortalecer uma identidade nacional de comércio justo e solidário, por meio da difusão do seu conceito e do exercício das práticas que lhe são inerentes; e favorecer a prática do preço justo para quem produz, comercializa e consome.

A economia solidária, afirma o presidente, é uma alternativa para a geração de emprego e renda, além de importante saída para incentivar o País a adotar hábitos sustentáveis de comércio, que seja justo e solidário.

O Brasil já é referência mundial no assunto desde 2003, quando foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária. E a ação só se tornou bem sucedida, afirmou Lula, porque o governo instituiu um diálogo permanente com a sociedade civil para construir as políticas públicas necessárias.

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