sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Primeira entrevista coletiva de Dilma ao lado de Lula no Planalto em 03/11/2010

A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff (PT), concede a primeira entrevista coletiva após as eleições do domingo (31), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília.

A gravação dura uma hora.

"Mas vale a pena, porque você verá que ambos estão com o pé no chão, sem triunfalismo e parecendo bem conscientes de que a batalha não terminou e que vamos precisar seguindo mobilizados, se quisermos que este Governo seja o avanço que pode ser para todos." (Opinião de Brizola Neto)

Após o vídeo, logo abaixo segue transcrição.




Declaração à imprensa seguida de entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff
Palácio do Planalto, 03 de novembro de 2010

  
Presidente Lula: Primeiro, eu pedi esta conversa com a nossa... não, eu pedi esta conversa com a companheira Dilma Rousseff porque ela vai ter agora um merecido descanso. Ela vai ter um merecido descanso, porque logo na segunda-feira à noite ela tem que viajar para Seul, onde é uma grande oportunidade de os líderes do G-20 conhecerem quem vai presidir o Brasil pelos próximos quatro anos. Eu achei importante descer com a Dilma para conversar com vocês, para deixar algumas coisas assim, que eu acho que era importante falar, já que eu não tinha falado depois das eleições.
    Primeiro, da minha alegria profunda pelo comportamento democrático do povo brasileiro, mais uma vez. Eu acho que ninguém mais tem dúvida de que o povo brasileiro é democrático, tem um comportamento democrático e valoriza a democracia como um valor inestimável, porque ele compareceu às urnas duas vezes. Numa primeira vez elegeu deputados estaduais, senadores, governadores, quase que elege a Dilma no primeiro turno. E no segundo turno ele votou com o mesmo carinho, com a mesma força para eleger o próximo governante do país. E quis Deus e a maioria do povo brasileiro que fosse a Dilma a escolhida do povo.
    Então, os meus agradecimentos ao povo brasileiro pelo seu comportamento, mais uma vez, altamente democrático e, eu diria, motivo de orgulho para nós e motivo de orgulho para o mundo inteiro, porque um país como o Brasil conseguir fazer uma votação com um sistema eleitoral, que duas horas depois a gente já tem praticamente o resultado das eleições, é uma coisa que os países em desenvolvimento poderiam... os países ricos poderiam copiar do Brasil com facilidade.
    A segunda coisa que eu acho importante é que eu tenho acompanhado – nesse domingo, segunda [feira] e terça [feira] – a imprensa, e eu já vi governo montado, já vi governo destituído, eu já vi cargo indicado para tudo quanto é lado, e eu acho importante dizer uma coisa para vocês. Eu fui eleito em 2002, e eu tenho a exata noção da sensação da montagem de um governo. Você se levanta pela manhã, você vê um jornal, está a fotografia de uma pessoa que você nunca pensou em colocar no governo, mas está lá como escolhida; ou uma pessoa que você quer colocar, que está lá, destituída. Ou seja, é um samba maluco, alucinante, a quantidade de informações. Possivelmente, alguém passa para vocês, alguém vaza, ou alguém que tem interesse que alguém não seja; já começa a queimar um daqui, já começa a enaltecer outro.
E como a Dilma vai viajar, eu acho importante dizer para vocês o seguinte: olhem, pela minha experiência de vida e pela minha experiência de montagem de governo, primeiro, o governo da Dilma tem que ser a cara e à semelhança da Dilma. É ela – e somente ela – quem pode dizer quem ela quer e quem ela não quer; somente ela é quem pode dizer aos partidos aliados se concorda ou não com as pessoas, e somente ela e os partidos aliados é quem irão construir a coalizão. Eu vou repetir uma coisa que é importante repetir, para que vocês nunca mais esqueçam. Na minha cabeça funciona a seguinte tese: rei morto, rei posto. Eu disse a vocês que eu ia dar lição de como se comporta um ex-presidente da República: um ex-presidente da República, ele não indica, ele não veta; um ex-presidente da República, ele poderá dar algum conselho se, um dia, for pedido; se for para ajudar; para atrapalhar, nunca. É esse o comportamento de um ex-presidente da República.
    Veja, quando nós escolhemos a Dilma para ser presidente da República, nós tínhamos a convicção da possibilidade dela ganhar e, como de fato aconteceu, ela ganhou. Para mim e para as pessoas que fazem parte do meu governo, nós vamos torcer pelo sucesso da Dilma como se estivéssemos torcendo pelo nosso sucesso. O que ela vai ter de vantagem sobre mim? O que ela vai ter de vantagem? Primeiro, ela ajudou a colocar esse carro em marcha. Então, o carro não está na garagem, os pneus estão calibrados, o motor está regulado, o carro está andando a 120 [Km] por hora. Ela, se quiser, pode pisar um pouquinho mais no acelerador e chegar a 140, 150 [Km] por hora. Ela não tem porque brecar esse carro, só tem que dirigir com muita responsabilidade e olhar bem as curvas... não passar... Quando tiver duas faixas, ali, amarelas, sabe que não pode passar, tem que ir com cuidado. Porque a Dilma aprendeu na Unicamp e aprendeu no governo, que ela foi chefe da Casa Civil, que em economia não existe mágica, não existe mágica. Não existe ninguém capaz de tirar da cartola um coelhinho que vai fazer as coisas acontecerem como se fosse um milagre. É seriedade, é compromisso, é previsibilidade e seriedade. E isso ela tem de sobra para fazer o país dar certo.
    Uma outra coisa importante é que a Dilma vai ter condições de ter muita criatividade. Por quê? Porque como a chamada macroestrutura de desenvolvimento, de infraestrutura já está elaborada – e ela própria foi a coordenadora –, ela agora tem que pensar em outras coisas, em outras coisas, no que vai acontecer a mais neste país, para que a gente não perca esse momento mágico que vive o Brasil, para que a gente não perca esse momento excepcional que vive a economia, para que a gente não perca esse momento de autoestima do povo brasileiro. E aí, eu acho que as condições estão dadas para a Dilma ter quatro anos, eu diria, exitosos no governo brasileiro.
    Eu queria dizer para vocês, porque fui oposição muito tempo e fui governo muito tempo, eu, possivelmente, tenha uma vantagem de ser o cara que mais perdeu eleição para presidente da República – mais do que o Serra, que perdeu duas –, eu perdi três. Quando a gente perde, a gente fica sisudo, a gente fica...
    O que eu poderia dizer neste momento para a oposição? A Dilma é outra pessoa, a Dilma vem de uma formação política admirável. O que algumas pessoas viam como defeito na Dilma é o que eu via como virtude, o fato de ela, muito jovem, ter resolvido ter coragem de brigar para garantir a democracia neste país. Acho que a chegada da Dilma ao poder é a vitória daqueles que perderam em 1968 – e que muitos estavam desacreditados –, e a Dilma provou que no jogo democrático é possível chegar ao poder. Ela chegou, chegou com a experiência de quem conhece o Brasil como ninguém, de quem conhece a máquina pública.
    Então, eu queria pedir à oposição é que a partir do dia 1º de janeiro... Contra mim não tem problema, podem continuar raivosos, podem continuar do jeito que sempre foram. Mas, a partir do dia 1º de janeiro, que eles olhassem um pouco mais o Brasil, que eles torcessem para que o Brasil dê certo, que eles ajudassem o Brasil a dar certo, porque cada vez que tomam alguma atitude, em vez de prejudicar o presidente, eles prejudicam a parte mais pobre da população, que precisa do governo e que precisa das políticas públicas do governo.
    Então, eu espero... eu não vou falar aqui em unidade nacional, porque essa é uma palavra já queimada, já mal usada. Mas eu queria apenas pedir a compreensão, que dentro do Congresso Nacional, a nossa oposição não faça contra a Dilma a política que fez comigo, a política do estômago, a política, eu diria, da vingança, a política do trabalhar para não dar certo. Eu acho que a oposição tem um outro papel e ela pode fazer isso, até porque a oposição governa estados importantes da Federação e sabe que a relação institucional entre estados e o governo federal tem que ser a mais harmoniosa possível porque, senão, todos perdem, todos perdem.

 
Jornalista: Como seria essa oposição, Presidente?

 
Presidente Lula: Não, eu não posso dizer como é que vai ser a oposição. Aí, já quer de mais, não é? Até porque, veja...

 
Jornalista: Mas o senhor disse (incompreensível).

 
Jornalista: Na visão do senhor.

 
Presidente Lula: Não. Na minha opinião, na minha opinião, primeiro, a oposição, ela tem que continuar sendo oposição, não pode perder a característica de oposição. Agora, tem que saber diferenciar o que é o interesse nacional, que envolve o povo brasileiro, e o que é a briga político-partidária. Eu não esqueço nunca que, por conta disso, essas pessoas tiraram 140... ou melhor, 40 bilhões de... anuais... mensais...

 
___________: 160.

 
Presidente Lula: ...anuais... que, se for levar o mandato inteiro, dá mais de R$ 160 bilhões da Saúde. E todo mundo sabe, qualquer governador, qualquer prefeito sabe que é preciso ter dinheiro para a Saúde, se a gente quiser dar um atendimento de qualidade, se a gente quiser melhorar a vida do povo brasileiro.
    Então, eu acho que acabou a eleição, é hora, é hora... agora é a hora de descansar, dela; e, depois, hora de trabalhar e trabalhar muito. Como eu conheço o jeito da Dilma, a forma como ela trabalha, eu posso dizer para vocês que vocês terão, aqui dentro do Palácio do Planalto, possivelmente uma das pessoas que mais capacidade de trabalho eu conheci na vida. Uma pessoa que não tem horário, uma pessoa que não tem sábado, que não tem domingo e uma pessoa...

 
Jornalista: Ai, ai...

 
Jornalista: Vai dar trabalho! (incompreensível)...

 
Presidente Lula: ... uma pessoa que vai fazer vocês da imprensa...

 
__________: Me aguardem.

 
Presidente Lula: ...vai fazer vocês da imprensa sofrerem um pouco e caminharem. Mas não é só com você, não - (dirigindo-se à presidente eleita), na viagem para a África, eles faziam revezamento entre eles, porque eles não conseguiam acompanhar a gente. Eu nunca os denunciei para os donos dos jornais, nunca! Mas de qualquer forma, gente...

 
Jornalista: A senhora vai para a África com ele? Não?

 
Presidente eleita: Eu vou para Seul.

 
Jornalista: Só para Seul, para a África não?

 
Presidente eleita: Para poder ficar aqui na segunda-feira.

 
Presidente Lula: Está bem, gente, era um pouco isso. Mais uma vez... Ainda vou me despedir de vocês no final do ano. Mais uma vez, eu quero dizer que eu sou grato a tudo que tem acontecido no Brasil. A Dilma sabe que ela não pode ficar com raiva do que aconteceu no processo eleitoral. Depois de terminadas as eleições a gente tem pensar no dia seguinte, não ficar pensando... É como se um jogador de futebol tomasse uma cotovelada e ficasse só pensando naquela cotovelada, e em se vingar. Eu acho que na cabeça de um presidente da República não tem que ter o pensamento da vingança, da raiva, do ódio...

 
Presidente eleita: Não faz bem para a alma, não é, Presidente.

 
Presidente Lula: ...e, depois, quem sofre, quem sofre é quem tem esse sentimento, não é o outro que sofre.
    Então, eu acho que a Dilma tem que agradecer a Deus, ao eleitor brasileiro, ela é a presidente da República, e agora é preparar o time para entrar em campo...

 
Presidente eleita: Não, o Presidente é o senhor. Eu serei.

 
Presidente Lula: Não, aqui, aqui...

 
Jornalista: Presidente Lula, o senhor pode tomar medidas impopulares ainda este ano, ainda no mandato, para poupar a presidente Dilma?

 
Presidente Lula: Primeiro, que nós não temos, pela frente, medidas impopulares; nós não temos, pela frente, medidas impopulares. Quando a gente diz "medidas impopulares" no Brasil, é que normalmente as pessoas fazem alguma sacanagem contra o povo antes de...

 
Presidente eleita: Um saco de maldades.

 
Presidente Lula: ...antes de deixarem o mandato. Não há nem necessidade, nem eu quero que isso aconteça, e muito menos a Dilma quer que aconteça. O que nós vamos fazer é aquilo que eu sempre fiz. Nós vamos fazer o que for necessário fazer para garantir que a Dilma receba, no dia 1º de janeiro, o governo com toda tranquilidade, sem nenhuma preocupação e nenhum percalço. É isso que eu quero...

 
Jornalista: Alguma medida de câmbio agora, que o senhor (incompreensível)...

 
Presidente Lula: Veja, câmbio é uma coisa que nem eu, nem ela... não é assim que funciona. A única coisa que nós temos em comum é que nós queremos o câmbio flutuante. A única coisa que nós temos em... A segunda coisa em comum é que nós achamos que os Estados Unidos e a China estão...

 
Presidente eleita: Fazendo uma guerra cambial.

 
Presidente Lula: ...estão fazendo uma guerra cambial. Os Estados Unidos, porque querem resolver o problema do déficit fiscal deles; e a China, porque sabe que não pode continuar com a sua moeda supervalorizada como está, então... subvalorizada. Então, eu vou para o G-20, agora, para brigar. Se eles já tinham problema para enfrentar o Lula, agora vão enfrentar o Lula e a Dilma...

 
Jornalista: Mas nessa briga tem medidas, Presidente?

 
Presidente Lula: Não, eu acho, veja, eu acho... O Guido e o Meirelles sabem que eles têm que acompanhar essa questão do câmbio. Nós temos uma preocupação muito séria e nós vamos tomar cuidado. E vamos tomar todas as medidas necessárias para que a gente possa não permitir que a nossa moeda fique sobrevalorizada.

 
Jornalista: A questão dos caças, (incompreensível) já definiu ou vai definir ainda?

 
Presidente Lula: Não, esse é um... Veja, esse é um assunto que, por uma questão de responsabilidade, eu tinha deixado exatamente passar o processo eleitoral, para conversar. Vou esperar a Dilma ter o seu descanso merecido e depois, então, nós vamos discutir – eu, ela e o Jobim – a questão dos caças.

 
Jornalista: Caso Battisti.

 
Presidente Lula: Veja, aí eu estou dependendo do Procurador-Geral da República. Se ele me der um parecer, qualquer que seja o parecer dele, eu vou acatar porque ele que é o advogado, ele que é o orientador do presidente da República; eu tomarei a decisão.

 
Jornalista: STF. O ministro do STF.

 
Presidente Lula: É a mesma coisa, é a mesma coisa. Veja, eu tinha uma eleição presidencial, eu tinha o direito de indicar mais um ministro da Suprema Corte. Eu achei prudente não indicá-lo antes de conversar com quem fosse eleito. Como a Dilma foi eleita, eu estou conversando com ela aqui.

 
Jornalista: E o salário-mínimo...

 
Jornalista: E aí, o que o senhor conversou? Conta para a gente.

 
Presidente Lula: Veja, deixa eu lhe falar uma coisa...

 
Jornalista: Tem algum nome, alguma previsão até o final do ano, antes de terminar o...

 
Presidente Lula: Não. Nome já tem. Agora...

 
Jornalista: Então, conta para a gente.

 
Presidente Lula: Não, não. Essas coisas a gente não conta. Essas coisas eu vou discutir... Eu não quis discutir com a Dilma agora, porque ela vai viajar. Se o Serra tivesse sido eleito, eu iria discutir com ele, do mesmo jeito.

 
Jornalista: Ela pode vetar o nome escolhido pelo senhor?

 
Presidente Lula: Ela pode, ela pode... Aliás, eu quero propor para ela, exatamente para ela dizer se ela quer ou não, porque vai ser no mandato dela, praticamente. A pessoa vai ser ministra da Suprema Corte durante todo mandato dela.
    Então, a única coisa que eu quero é o seguinte: é muita tranqüilidade. Não temos que tomar nenhuma coisa precipitada. A questão do salário-mínimo, veja. Nós temos um projeto de lei e uma prática já adotada por nós nesses oito anos de governo. O nosso projeto de lei prevê a recuperação do salário-mínimo até 2023. É uma política extraordinária, porque nós damos o PIB de dois anos atrás mais a inflação do período.

 
Jornalista: Mas aí, no ano que vem, vai ficar só o reajuste (incompreensível).

 
Presidente Lula: Não, veja, querida, veja, querida, veja. Deixa eu falar uma coisa para você: a Dilma, sendo presidenta, ela vai tomar a atitude que ela quiser. Ela pode falar o seguinte: "Eu vou tentar compensar este ano e vou...". Ela pode fazer isso. Acontece que, quando nós mandamos o projeto de lei e nós fizemos a proposta, a proposta é extraordinária, porque se é verdade que no ano que vem você vai ter só a inflação, a verdade é que no próximo ano você vai ter 7,5% de crescimento mais 5% de inflação; são 12[%]. Se nós estivermos apostando que a economia cresça entre 4,5 [%] e 5% nos próximos anos, e você tiver uma inflação de 4[%], significa que você vai ter uma média de 10% de reajuste para o salário-mínimo. Ou seja, nós vamos chegar em 2023 com a recuperação total do poder aquisitivo do salário-mínimo.

 
Jornalista: Os R$ 600,00 não são possíveis, Presidente? Os R$ 600,00 prometidos na campanha (incompreensível)?

 
Presidente eleita: Deixa concluir (incompreensível).

 
Presidente Lula: Agora, gente, deixa eu lhe falar: isso era promessa do Serra, que eles poderiam ter feito quando governaram o país. Como o povo não acredita em promessa feita de última hora... o povo... As pessoas precisam aprender que o povo não é mais massa de manobra. Tem gente que ainda trata o povo como se fosse uma boiada: toca o berrante, e o povo vai atrás. Não é mais assim, não. O povo está sabido, o povo está esperto, o povo sabe o que é política séria e o que é promessa. É por isso que a Dilma ganhou as eleições sem precisar entrar na fase das promessas fáceis.

 
Jornalista: Presidente, o senhor vem sugerindo...

 
Presidente Lula: Gente, olha, a última, a última.

 
Jornalista: Anatel, Anatel...

 
Jornalista: Presidente, só uma perguntazinha que eu queria fazer...

 
Presidente Lula: Uma perguntazinha... aí já são duas, então. Então, a primeira pergunta é o seguinte. A Anatel, eu vou decidir.

 
Jornalista: Até sexta-feira?

 
Presidente Lula: Vou decidir até sexta-feira.

 
Jornalista: (incompreensível)?

 
Presidente Lula: Quando eu disse... será anunciado e Vossa Excelência ficará sabendo.

 
Jornalista: Presidente, o senhor... o quadro do Congresso, agora, vai ser um Congresso muito mais favorável para a presidente Dilma do que foi para o senhor, porque o governo vai ter muito (incompreensível) aliados (incompreensível). O senhor acha que ela vai ficar menos refém de oligarquias do Nordeste, por exemplo?

 
Presidente Lula: Ô meu filho, vou dizer uma coisa para vocês, de coração. O Congresso é a cara da sociedade. Eu fico olhando vocês aqui, o Congresso é a média da cara de vocês.

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente Lula: É isso, é isso. O Congresso é a média... o Congresso é a síntese da sociedade brasileira. Tem gente de todo espectro social, tem gente de todas as origens, tem gente de todas as cores, tem gente de todos os estados. A gente tem o hábito de tentar menosprezar, muitas vezes, por preconceito. As pessoas são eleitas. Você tem um cidadão que é eleito com 10 milhões de votos, e outro que é eleito com um milhão de votos. Quando eles chegam aqui, cada um vale um voto, não tem melhor ou pior. Um presidente da República, ele se relaciona com a força política eleita. Ele não se relaciona com a força política que ele gostaria que fosse eleita. Então, a companheira Dilma, a nossa futura presidente, ela vai ter que se relacionar com os 81 senadores que estão aí, do DEM, do PTB, do PT, do PMDB, do PSB, ou seja, ela não vai inventar, ela não pode criar um novo partido e criar novos senadores. São os que estão aí, e todos têm direito a um voto. Ela vai se reunir com o Congresso Nacional, com a Câmara, do mesmo jeito. Ela não pode dizer: "Não, eu não quero aquele deputado. Tem que vir outro". Mas foi ele que foi eleito. Ela vai ter que conversar. Ela vai ter que conversar com um companheiro do PCdoB e vai ter que conversar com o Tiririca. Vai ter que conversar com...

 
___________: Com a situação e com a oposição.

 
Presidente Lula: ...o PP e vai ter que conversar com o PCdoB ou com a oposição, com a situação. Essa é a lógica do jogo. O que ela vai ter melhor do que eu tive? Ela vai ter, teoricamente, uma bancada mais consolidada na Câmara dos Deputados e vai ter uma bancada mais consolidada no Senado. Certamente, nós teremos senadores com menos raiva do que alguns que saíram. Só o fato de o cidadão não ter raiva, só o fato de o cara ser civilizado e, em vez de gritar, conversar, em vez de querer bater, negociar, isso já é meio caminho andado.
    É importante lembrar que nós aprovamos tudo que nós queríamos no Congresso Nacional, com exceção da CPMF, que embora a gente tenha tido maioria, faltou um voto só para a gente ganhar a CPMF. Mas agora, essa nova safra de governadores que vão vir aí, eles vão dizer para vocês o que eles vão querer, e todo mundo sabe que vai precisar de dinheiro para a Saúde. Se alguém souber de onde é possível tirar dinheiro, que nos diga.

 
Jornalista: Há uma ideia de voltar a CPMF?

 
Presidente Lula: Veja, eu estou deixando a Presidência da República daqui a dois meses. Acho que foi um engano ter derrubado a CPMF, e eu acho que alguma coisa tem que ser feita para a área da Saúde, alguma coisa tem que ser feita. Se a gente quiser levar tratamento de alta complexidade, que todos os políticos têm! É verdade! Todo jornalista tem, quem paga plano médico, todos! Todos os deputados têm, todos os senadores têm um plano médico que eles pagam. Portanto, eles, quando entram num hospital, eles fazem quinhentos exames naquelas máquinas sofisticadas. Se a gente quiser levar isso para a sociedade, nós vamos ter que ter mais recursos, e aí é uma discussão...

 
Jornalista: A presidente eleita concorda?

 
Presidente Lula: Olha, eu não sei. Eu vou parar a minha parte por aqui, eu vou parar a minha parte...

 
Jornalista: O senhor está sugerindo que mantenha alguns ministros do seu governo?

 
Presidente Lula: Não, não, pelo... Quem sou eu?

 
Jornalista: O Presidente do Banco Central, (incompreensível)?

 
Presidente Lula: Nem o Mano Menezes, quando foi convocado para a Seleção, pediu para o técnico do Corinthians manter os jogadores que ele mantinha? Como é que eu vou pedir? A Dilma, ela tem que montar o time dela. Ela é, agora, a pessoa que vai ser o técnico titular desta Seleção. Então, ela vai escolher quem ela quiser, para a posição que ela quiser...

 
Jornalista: Mas numa transição, você acaba aproveitando (incompreensível)...

 
Presidente Lula: Não, veja, a transição... Veja, eu não vou participar da transição. A transição, ela monta uma equipe de transição que vai conversar com a equipe do governo.

 
Jornalista: Mas como é uma continuidade, Presidente, pode ser (incompreensível).

 
Presidente Lula: A continuidade é na política, e não nas pessoas.

 
Jornalista: Presidente, sobre o pré-sal, o senhor vai conversar também com a futura presidente em relação à perda que alguns municípios,...

 
Presidente Lula: Ela sabe mais do que eu.

 
Jornalista: ...alguns estados...

 
Presidente Lula: Do pré-sal, ela é doutora honoris causa. Eu é que sou o estudante aqui.

 
Jornalista: Que conselhos que o senhor deu para ela, nessa conversa?

 
Presidente Lula: É difícil dar conselho. Deixa eu dizer... A Dilma conviveu comigo nesses oito anos, nos bons momentos, nos maus momentos, nas horas em que a gente tinha que chorar, nas horas em que a gente tinha que rir. E a Dilma sabe que ela tem que montar uma equipe que, primeiro, seja harmoniosa. Eu falo muito de futebol porque todo mundo entende de futebol, ou pelo menos pensa que entende. Mas se o time não estiver coeso, se o time não estiver treinado e não tiver uma coisa de muita harmonia entre os jogadores, se eles estiverem brigando entre si, o jogo não dá certo.

 
Jornalista: Igual dizia o Palocci, (incompreensível)...

 
Presidente Lula: Então, agora eu acho, veja, agora eu acho que é o seguinte: esta mulher tem o direito de montar uma equipe excepcional. Primeiro, porque ela conhece muito mais gente do que eu conhecia em 2002. Segundo, porque a relação com os partidos está muito mais consolidada do que em 2002. Terceiro, porque ela passou oito anos no governo, ela conhece por dentro e por fora, conhece as pessoas boas e as pessoas que não são tão boas, conhece os craques e os que não são tão craques.
    Portanto, a bola está com a senhora, dona Dilma. Monte o seu time, que eu estarei na arquibancada, de camisa uniformizada, sem corneta, batendo palmas...

 
Jornalista: Mas esperando para voltar em 2014, Presidente?

 
Presidente Lula: ...e nunca vaiando, sempre batendo palmas.

 
Jornalista: Mas esperando voltar em 2014?

 
Presidente Lula: Não, essa é uma grande bobagem que se fala. Olhem, quando eu falo "rei morto, rei posto", é porque eu acho que quem vai sair do governo como eu vou sair, tem a responsabilidade de pensar – contar até um milhão – para voltar algum dia. Porque chegar ao final do mandato com o reconhecimento popular que tem o governo, com a aprovação do governo como um todo e com a aprovação pessoal minha, voltar é uma temeridade porque a expectativa gerada é infinitamente maior.
    Então, eu... se tem uma coisa que vocês precisam ter consciência é de que eu entendo um pouco de política, entendo um pouco, entendo um pouco de sentimento da sociedade. Vocês sabem que se tem uma coisa que eu sei é conversar com o povo, e eu acho que... Tudo o que eu desejo na vida, tudo o que eu peço a Deus é que a Dilma faça as coisas que ela sabe fazer. Não precisa inventar nada, ela sabe o que tem que ser feito, ela conhece, já fez, ela pode aprimorar, vai ouvir a sociedade, e eu tenho certeza que se ela fizer tudo que ela sabe que tem que fazer, ela tem todo o direito de, em 2014, ser candidata outra vez.
    Agora, eu queria dizer para vocês que, também, é muito pequeno, nesse momento, a gente estar discutindo 2014. A gente deveria estar discutindo 2011; 2014, a gente discutir a Copa do Mundo; 2016, a gente discutir as Olimpíadas. E deixar para discutir as eleições um pouco mais para a frente, porque senão vai ter uma enxurrada de bolinha de papel batendo nas nossas cabeças até 2014, e nós não queremos isso.
    Gente, olha, olha, olha...

 
Jornalista: Já está saudoso do cargo, Presidente? Já está saudoso de deixar o Palácio, de ter que deixar o Alvorada...

 
Presidente Lula: Não, não, não, não. Não estou saudoso coisíssima nenhuma. Eu, quando entrei aqui, sabia que tinha data para entrar e data para sair. Portanto, é que nem um contrato de aluguel: Eu, no dia 31 tenho que dar o fora.

 
Jornalista: Até o momento, qual é o balanço que o senhor faz?

 
Presidente Lula: Tchau, gente, tchau. Gente, até... Heim?

 
Jornalista: (incompreensível) janeiro, janeiro?

 
Presidente Lula: Eu? Ah, isso... vocês querem saber demais (incompreensível).

 
Jornalista: Aqui no Brasil, Presidente? No Brasil?

 
Jornalista: A Emenda (incompreensível), vai decidir este ano ainda, depois da reunião (incompreensível)?

 
Presidente Lula: Não sei, não sei. Eu vou conversar com... depois, depois que a Dilma voltar do descanso, depois que a gente voltar de Seul... eu vou, inclusive, me encontrar com o presidente Sarkozy lá em Seul. Aí, depois, a gente vai conversar.

 
Jornalista: Presidente, a (incompreensível) falar sobre a transição?

 
Presidente Lula: Na transição.

 
Presidente eleita: Bom, primeiro eu queria agradecer a vocês, tá, porque eu não tive oportunidade ainda. Nós estivemos juntos, algumas pessoas aqui, sistematicamente, nos últimos seis meses, todos os dias, naquela entrevista que eu dava, sistematicamente, no minuto propositivo, depois com as perguntas. Então, primeiro, eu quero agradecer a todos vocês, porque vocês fizeram parte desse processo democrático. Às vezes, com as perguntas, não é... as mais ávidas...

 
Presidente Lula: Ô gente, deixa eu só me despedir da Dilma, deixa eu só me despedir da Dilma...

 
Presidente eleita: Tchau, Presidente. Nós nos encontramos em Seul.

 
(continuação das palavras iniciais da presidente eleita): ...e, às vezes, com... das formas até engraçadas. Então, eu agradeço a todos e a todas, porque nos últimos tempos, duas mulheres estiveram, aqui, as mulheres jornalistas, estiveram aqui, ó... sendo as grandes debatedoras, pelo menos comigo. Então, eu agradeço. E aí, vamos conversar.

 
Jornalista: Presidente, o presidente Lula estava falando da questão da CPMF (incompreensível), ele acha importante que se crie alguma alternativa para dar reforço para a Saúde (incompreensível).

 
Presidente eleita: Olha, eu tenho, eu tenho muita preocupação com a criação de imposto, não é? Preferia que a gente tivesse outros mecanismos. Agora, tenho visto uma mobilização dos governadores nessa direção, não posso fingir que não vi. Eu considero que duas áreas vão ter um grande destaque no meu governo. Uma é a da Saúde e a outra é a área da Segurança Pública. Eu considero que a Educação está muito bem encaminhada, e que os recursos maiores – eu estou chamando de recursos maiores é a atenção, é um cuidado maior e um empenho maior com... no caso, por exemplo, da Saúde, completar toda a rede do SUS. Nós vamos precisar de completar a rede do SUS, está em questão o problema da regulamentação da Emenda 29. Para a União é mais fácil, para os estados e municípios é que é mais difícil. Então é necessário, com os governadores eleitos, que se abra um processo e uma discussão. No caso da Segurança Pública, nós também vamos ter que investir recursos significativos, porque não é possível resolver uma questão de envergadura nacional, primeiro, sem a cooperação entre estado, município e União. Não é possível. Segundo, não é possível, sem que a União participe efetivamente com recursos. E, terceiro, sem que a gente dê uma clara prioridade para esta área.
Então, eu antecipo para vocês que, na minha concepção, duas áreas terão a minha integral atenção. Além dos ministros nomeados, eu também participarei do acompanhamento diário dessa área, e noturno, como o Presidente falou para vocês. E também, nos fins de semana.

 
Jornalista: Presidente, sobre a questão do pré-sal...

 
Jornalista: ...significa que o ministro continua? Quando a senhora fala que Educação está muito (incompreensível)...

 
Presidente eleita: Não, eu não estou falando agora sobre continuidade de nenhum Ministério, do ponto de vista das pessoas. Eu estou falando do ponto de vista da continuidade das políticas. Eu não considero que ainda está maduro o processo de discussão a respeito dos nomes que integrarão os Ministérios e o primeiro escalão da alta administração do país. Agora, tenho critérios, eu externei isso no meu discurso. Eu vou exigir competência técnica, vou exigir também um desempenho, um histórico de pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem. E vou exigir também, obviamente, eu considero importante o critério político. Eu já contei para mais de um de vocês o que eu assisti uma vez em um dos governos latino-americanos. Eu perguntei onde o ministro ia passar o Natal, ele me disse: "em casa." Eu pensei que a casa fosse uma das cidades do país dele. E ele me respondeu que a família dele e ele moravam em Miami. Então, aí eu vou dizer uma coisa para vocês: eu faço absoluta questão que os ministros tenham vínculos muito fortes com o Brasil, e tenham vínculos muito fortes com a política que eu defendo.

 
Jornalista: Presidenta, sobre a questão do pré-sal...

 
Jornalista: Não ficou clara a questão da CPMF. A senhora...

 
Presidente eleita: Deixa eu responder a ela, porque ela já perguntou duas vezes, eu não respondi, acho uma questão delicada. A questão do pré-sal está na pauta agora. Então, terá de ser discutida agora. Qualquer outra avaliação que eu faça para você, eu estaria atravessando dois meses. Então, essa pauta está para ser discutida e debatida no Congresso agora. O que vai acontecer...

 
Jornalista: Mas é uma questão delicada...

 
Presidente eleita: O que vai acontecer... Uai, mas ela é delicada agora e depois, e ela está na pauta. Então, aguardemos o que vai acontecer. Eu não posso, sem incorrer em uma grave responsabilidade, atravessar esse momento que existe, porque tem um governo no exercício pleno da sua atividade e tem um Congresso no exercício pleno da sua atividade. Então, a partir do momento em que encerrar as atividades do governo e do Congresso, aí, o que restar será avaliado na sequência. Não tem como ser de outra forma.

 
Jornalista: E o salário-mínimo, Presidente? O salário-mínimo.

 
Presidente eleita: Salário-mínimo.

 
Jornalista: CPMF, por favor.

 
Presidente eleita: Você quer CPMF? CPMF, eu já respondi.

 
Jornalista: Não, não. A senhora não respondeu.

 
Presidente eleita: Eu não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas...

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: ...mas não posso dizer... Este país vai ser objeto de um processo de negociação com os governadores. Neste país, isso ocorrerá. Eu terei diálogo com os governadores. Aliás, fiquei muito contente porque recebi uma ligação muito correta, republicana, do governador eleito de São Paulo, o nosso governador Alckmin, em que ele apresenta o que eu considero que é a forma correta de relacionamento. Eu pretendo ter com ele e com os governadores, não só da situação, mas da oposição, uma negociação em alto nível. Vou estar atenta para as necessidades deles. Do ponto de vista – vou repetir – do governo federal, não há uma necessidade premente. Agora, do ponto de vista dos governadores, eu sei que há este processo. Eu não posso ir além disso.

 
Jornalista: A senhora (incompreensível).

 
Jornalista: Salário-mínimo, Presidente?

 
Presidente eleita: Eu considero que eu já respondi a questão.

 
Jornalista: Salário-mínimo, Presidente?

 
Presidente eleita: Ela quer discutir salário-mínimo. Vou discutir salário-mínimo. No salário-mínimo, nós temos um critério que eu considero muito bom, e falei isso durante toda a campanha, que é o fato de que nós damos o salário-mínimo... o reajuste do salário-mínimo baseado na inflação corrente e no PIB de dois anos anteriores. O que aconteceu agora? Nós temos um problema agora, que é o fato de que o PIB de 2009 é um PIB que se aproxima do zero, até sendo um pouco abaixo de zero. Por que aconteceu isso? Porque houve uma crise internacional, que afetou as economias. O Brasil teve uma recuperação muito forte. Então, nós estamos avaliando – e essa é uma das questões que, na minha volta, eu vou debater com o governo –, nós estamos avaliando se é possível fazer essa compensação. Agora, eu adianto a vocês que num cenário de, eu diria, de PIB crescendo às taxas que nós esperamos, o que nós vamos ter? Nós vamos ter um salário-mínimo, no horizonte de 2014, acima de 700 e poucos reais, bem acima de 700 e poucos reais, mantido o critério. Já – se não tiver nenhuma alteração – já em 2011 ele estaria acima de [R$] 600. No final de 2011, início de 2012, acima de [R$] 600. Agora, nós vamos fazer esse ajuste.
    No caso do Bolsa Família, eu tenho um objetivo, que é... não é por culpa do governo federal, porque não somos nós que cadastramos, mas é assegurar, cada vez mais, que a cobertura das famílias do Bolsa Família chegue a 100%. Hoje não é 100%, depende do critério que você analisa. Agora, houve muitas dificuldades dos estados, principalmente. Não são os estados que fazem, mas das prefeituras, no cadastrar. São as prefeituras que cadastram. Nós, inclusive, financiamos as prefeituras para elas cadastrarem. No meu período de governo eu vou buscar os 100% de cobertura e um nível maior de benefício, proporcional ao que é possível que o país dê para esse conjunto de famílias. Eu não posso... Já antecipo dizendo que eu não sei hoje dizer para vocês qual é esse reajuste, mas que terá reajuste, eu asseguro a vocês que terá. Não só é possível, como é...

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Como?

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Olha, você sabe que no Nordeste nós temos todas as grandes obras de infraestrutura a completar. A integração da Bacia do São Francisco, que é um dos projetos que leva água para as populações nordestinas, tanto pelo eixo setentrional quanto pelo eixo leste, e que vai assegurar que o Nordeste tenha não só água para beber, mas água para produzir, do ponto de vista agrícola, como também industrial. Então, ele tem que ser completado. Ele vai ser completado, ali, em torno de 2012. A Ferrovia Nova Transnordestina, também em torno do final de 2012, início de [20]13, que é Eliseu Martins, passando Salgueiro; Salgueiro, Pecém e Suape. Outra obra de grande porte que está iniciando – já começou, além da terraplanagem, começou as grandes instalações – é a Refinaria Abreu e Lima, ali em Pernambuco. Além disso, nós temos a Clara Camarão, que está em um processo final; essa não atinge mais o meu governo, conclui no governo do presidente Lula. E as duas Premium: tanto a Premium do Ceará, quanto a Premium do Maranhão, que são cruciais para o pré-sal, porque nós não podemos ser exportadores de óleo bruto. Porque se a gente for exportador de óleo bruto, nós vamos perder muito dinheiro. Nós temos que ter duas refinarias Premium, não por uma mania de grandeza, como algumas vezes a oposição falou da Petrobras, mas por uma estratégia. Por que você tem que refinar? Você tem que refinar porque quando se refina, o preço do petróleo sobe mais que proporcionalmente ao custo do refino e te permite entrar em uma outra área, delicadíssima, que chama-se petroquímica. Que, aí, o ganho é acima de mil por cento. E todo o desenvolvimento de todo país do mundo é petroquímico-dependente. Porque se você for ver, é das nossas meias, das nossas meias, passando por toda a área de maquiagem, toda a área de produção de tintas, toda a área de químicos, toda... Então, ao mesmo tempo que o Brasil vai ter que apostar nisso, ele vai estar fazendo um etanol químico, também. O que é algo estratégico para nós, porque nós somos líderes em etanol, no mundo.

 
Jornalista: Presidente, o PMDB, o partido do seu vice, é conhecido no meio político como um partido com grande apetite. A senhora não teme que agora, tendo a Vice-Presidência, esse apetite aumente e crie dificuldades?

 
Presidente eleita: Olha, eu tenho conversado muito com o vice-presidente Michel Temer, e nós temos formado uma grande convicção, que é a seguinte: esse é um governo que vai se pautar, não por uma partilha, mas por um processo de construção de uma equipe una. E quero te dizer e quero reiterar aqui: eu tenho visto, por parte do PMDB, toda uma iniciativa positiva, favorável a essa concepção. E aí, vocês me desculpem, mas não dá. Porque ou há um problema de comunicação comigo – nunca, eu quero aqui atestar, o PMDB chegou para mim propondo e pedindo cargos. Até agora, estão participando do processo de transição, como participaram de todo o processo eleitoral, sem conflito, extremamente participativos. E acho que a liderança do meu vice, que é o nosso presidente da Câmara, Michel Temer, ela é muito importante para garantir que haja esse enfoque.

 
Jornalista: Presidente, (incompreensível) blocos. Até quando a senhora (incompreensível).

 
Presidente eleita: Como blocos.

 
Jornalista: (incompreensível).

 
Presidente eleita: Ah, não. Eu não quero anunciar fragmentado.

 
Jornalista: (incompreensível).

 
Presidente eleita: Mas, eu... Mas, olha, que eu não sou doida de dizer para vocês que é dia 18 de qualquer mês, às tantas horas, porque se eu anunciar uma hora depois, vocês vão falar assim: "Presidente eleita adia o seu lançamento por uma hora". Não. Eu quero avisar para vocês que eu vou anunciar os nomes com muita tranquilidade. Vocês serão, sem dúvida nenhuma, os primeiros a saber, até porque eu sei perfeitamente que eu dependo de vocês para que a população saiba. Então, é garantido que vocês serão os primeiros.

 
Jornalista: Mas a senhora já tem algum nome?

 
Presidente eleita: Os primeiros e as primeiras, viu, meninas.

 
Jornalista: Algum nome (incompreensível).

 
Presidente eleita: Não, não tenho nenhum nome e não cometeria, jamais, a temeridade de lançar nomes individuais. Vou...

 
Jornalista: (incompreensível).

 
Presidente eleita: Não sei, não necessariamente.

 
Jornalista: Presidente, (incompreensível) a senhora falou muito na questão da redução da dívida. (incompreensível) falou da redução da dívida para algo em torno de 30%.

 
Presidente eleita: Não, nós...

 
Jornalista: (incompreensível) econômica nesse sentido (incompreensível) superávit (incompreensível)?

 
Presidente eleita: Posso te contar como é que foi? Quando nós fizemos o PAC 2, você lembra que no PAC 1 a gente sempre botava as variáveis macroeconômicas. No PAC 2, se vocês forem olhar o PAC 2, vocês vão ver que lá tem as variáveis econômicas. Nas variáveis econômicas, nós estamos trabalhando um superávit primário de 3,3[%], nos estamos trabalhando com um PIB... Vamos ver. Nós sabemos como é que se forma o superávit primário nos últimos meses; sempre foi assim, não vai ser diferente este ano. Nós trabalhamos com uma inflação, o centro da meta, em 4,5[%], trabalhamos com uma dívida líquida sobre PIB cadente, caindo de 42[%], 41[%] para 38[%], e esta queda que nós fizemos... Para fazer a consistência do PAC 2, nós usamos todas essas variáveis e trabalhamos com um PIB de 4,5[%], bem... Nós não trabalhamos com um PIB absurdo, mas você pode chegar até a 5[%], 5,5[%]. Nós estamos trabalhando com um PIB, vamos dizer assim, não é o PIB de 7,5[%], que pode dar esse ano, ou de 8[%]. Então, o que isso significa? Significa a possibilidade, com uma relação dívida líquida sobre PIB, de uma convergência da taxa de juros brasileira, que nós praticamos aqui, com as taxas de juros internacional, mais consistente, não é?

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Todo mundo fala em 2%, porque seria mais ou menos essa a taxa de juros consistente, mas não necessariamente, tem de ver. Aí, são essas variáveis que informam, e não a taxa de juros que informa essas variáveis, porque senão não seria estável.

 
Jornalista: Presidente, essas variáveis são 2011, que a senhora falou?

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Não. Significa... Não. Significa, se o PIB cresce mais, como ele está no... ele é o denominador da equação, a relação dívida-PIB cai mais. Quanto mais o PIB crescer. Veja bem, você tem um círculo virtuoso, quanto mais o PIB crescer e a dívida cair, mais rápido você chega a um quadro de estabilidade que te permite reduzir cada vez mais a taxa de juros.

 
Jornalista: Presidente, só um esclarecimento: a senhora (incompreensível) 2011 ou 2014, agora? Esses parâmetros são 2011 ou 2014?

 
Presidente eleita: Não, essa é uma projeção, de [20]11 a [20]14. Ninguém faz, ninguém faz uma projeção dessas fechando no ano.

 
Jornalista: A senhora vai intervir no caso da iraniana (incompreensível)?

 
Presidente eleita: Olha, eu sou radicalmente contra o apedrejamento da iraniana. Eu não tenho nenhum status oficial para fazer isso, mas externo aqui, perante vocês, que eu acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh. Mesmo considerando os usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro o apedrejamento da Sakineh.

 
Jornalista: Presidente, a senhora vai aceitar... a senhora vai aceitar sombra no governo da senhora, nos próximos quatro anos?

 
Presidente eleita: Olha, veja bem, eu não aconselho sombras. Tirante o sol, aquele sol bem violento que às vezes atinge o país, a gente sabe aqui, aqui, nessa época de verão, tem um sol bárbaro. Aí, eu sou completamente a favor de sombras, protege a pele. Agora, quanto às demais sombras, eu não acho que elas sejam compatíveis. Nós vivemos em um regime presidencialista, os ministros têm que ser competentes, é isso que eles têm que ser, não sombras.

 
Jornalista: A senhora vai continuar... A senhora vai... Presidente...

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Eu entendi perfeitamente a pergunta.

 
Jornalista: Presidente, a senhora vai dar continuidade à política do Presidente...?

 
Jornalista: Presidente, a relação dívida-PIB, para 38, é 2011, não é?

 
Presidente eleita: Não, minha querida. É assim, deixa eu só te explicar. Não, não, não. É a mesma forma que nós fizemos para o PAC 1. Você vai lá e olha no PAC 1, a gente faz uma progressão temporal. É uma projeção temporal. Não é para 2011, porque eu queria te dizer que se fosse para 2011, nós tínhamos de fechar todos os investimentos, todos os programas sociais. Não é compatível com 2011.

 
Jornalista: Mas a senhora (incompreensível) na campanha, não é?

 
Presidente eleita: Não! Eu prometi neste intervalo de 2011 a [20]14. É bom vocês olharem, porque a minha fala tem a ver com uma coisa feita antes de eu sair para ser candidata. Quem está aqui, que conhece essa área profundamente, sabe do que eu estou falando.

 
Jornalista: A senhora vai dar continuidade à política do presidente Lula, de ajudar os países do Terceiro Mundo?

 
Presidente eleita: Mas sem sombra de dúvida! Até porque o Brasil, progressivamente, está virando uma potência regional.

 
Jornalista: O diálogo com Teerã continua (incompreensível)?

 
Presidente eleita: Olha, o diálogo continua com todos os países do mundo, e não só com Teerã. Nós não temos nenhuma política de agressão, de violência. Nós defendemos a paz. Aqueles que dialogarem conosco em paz serão recebidos em paz.

 
Jornalista: Presidente, o presidente Lula, o presidente Lula, aqui, ele falou que a senhora é... falou da formação da senhora, que a senhora é da geração de [19]68, uma geração derrotada e desacreditada. É...

 
Presidente eleita: Não acho que ele disse isso, querido. Ele disse outra coisa. Nós somos de uma geração que lutou em um momento muito específico do Brasil que até, vocês que são mais novos não viveram, porque a gente, quando vive... Por exemplo, por que eu tenho um valor muito grande na questão da democracia e da liberdade de imprensa, de opinião, de expressão? Porque eu sou de uma época em que a liberdade de imprensa era, extremamente subversiva, a liberdade de opinião era extremamente subversiva. Uma peça de teatro, a "Roda Viva", era o cúmulo da subversão. "Liberdade, liberdade", então, era... a gente olha hoje [a peça] "Liberdade"... a peça "Liberdade, liberdade" e vê como ela era, como ela tinha até um grau de ingenuidade. Coisas que todos nós hoje achamos absolutamente naturais, não eram naturais, quando eu cheguei, aos 16 anos, a entender um pouco o que estava acontecendo no meu país. Então, essa geração, ela sofreu uma coisa terrível, que é a restrição do caminho. O caminho da gente era encurtado, muito pequeno. Você não tinha grandes horizontes, você tinha um "horizontezinho", pequeno, porque a ditadura faz isso contigo. E eu acho que nós temos um mérito: nós lutamos, com a cabeça que a gente tinha e com as condições que a gente tinha, nós lutamos contra a ditadura. Se a gente cometeu erro ou não, a história dirá. Eu pessoalmente acho que a gente não tinha a menor chance de ganhar, a menor chance de transformar o Brasil. Então...

 
Jornalista: Presidente...

 
Presidente eleita: Deixa só eu concluir isso. Então, do meu ponto de vista, essa geração também teve outro mérito: ela participou da luta pela redemocratização do primeiro ao último dia, e nesse processo, não só ela transformou o Brasil, como ela se transformou, e eu sou dessa geração. Então, é um momento importante para essa geração perceber que só na democracia é possível que uma pessoa dessa geração – ainda mais mulher, porque tinha um baita preconceito contra nós, mulheres – chegasse onde eu cheguei, sendo eleita Presidente da República.
    Então, é mérito, é mérito da minha geração? É, mas é maior mérito ainda do processo democrático que se implantou no Brasil.

 
Jornalista: Presidente, sobre os direitos humanos, o Brasil, durante esses oito anos do presidente Lula, foi muito criticado por vários organismos por não ser tão firme nessa defesa, e a gente se alinhar a vários regimes... defender vários regimes contra flagrantes delitos de direitos humanos. A senhora vem dessa geração de [19]68 que também lutou justamente por isso, essa questão dos direitos humanos. Como é que vai ser o seu governo a respeito disso?

 
Presidente eleita: Olha, eu tenho uma posição bastante intransigente no que se refere a direitos humanos e essa posição intransigente, ela se reflete no plano da diplomacia como uma posição também de opção clara, clara, por uma manifestação que conduza a uma melhoria dos direitos humanos. Não necessariamente é estrondosa, viu. Muitas vezes, você, para conseguir melhoras nos direitos humanos, você tem de negociar. Isso nós fizemos...
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Eu não... Eu vou te dizer o seguinte: eu não concordo. Eu vi vários movimentos que foram benéficos. Agora, eu quero te dizer que, no meu governo, não vai haver nenhuma dúvida a respeito.

 
Jornalista: Presidente, por gentileza. Com relação à reforma agrária e ao MST, como é que a senhora vai tratar as invasões de terra?

 
Presidente eleita: Eu quero te dizer o seguinte: índice de produtividade, no nosso governo, o Presidente pediu para a Embrapa fazer uma avaliação e definir o que a Embrapa considerava tecnicamente correto. Eu vou pegar esses dados e vou avaliar. No que se refere ao MST, eu sempre, em todas as oportunidades, neguei-me a tratar o MST como caso de polícia. O MST não é um caso de polícia. No meu governo, eu não darei margem para Eldorado dos Carajás, porque isso também é uma questão de direitos humanos. Agora, eu não compactuo com ilegalidade, nem com invasão de prédios públicos, nem com invasão de propriedades que estão sendo produtivamente administradas. Agora, eu considero que o MST... primeiro, eu considero que a reforma agrária, nós temos terras suficientes neste país para continuar fazendo reforma agrária. E acho que a nossa política de agricultura familiar, que definiu o Luz para Todos, o crédito, que garantiu para o agricultor uma compra dos seus produtos através do programa, o Programa de Aquisição de Alimentos, e os 30% da merenda escolar, é fundamental para você garantir para o assentado e para o produtor familiar renda monetária. Nós temos que fazer uma revolução no campo, no sentido de transformar os agricultores em proprietários, fazer com que seus filhos tenham acesso à educação de qualidade.
    Por isso, resolver o problema dos sem terra é criar milhões de pequenos proprietários que farão com que o tecido social ali, no setor rural brasileiro, seja cada vez mais democrático. Agora, para isso o produtor tem que ter renda, ele tem que receber rendimento, ele tem que perceber que ele melhorou de vida, que ele hoje pode garantir para o seu filho...
    Eu vi um depoimento fantástico, em que o agricultor dizia o seguinte: "eu sei que a gente não planta alimento no asfalto nem nos edifícios, portanto, você planta e colhe aqui. Agora, para plantar e colher aqui, e para fazer com que meu filho se forme em Veterinária ou como agrônomo e volte para cá e traga riqueza aqui, para a minha região, eu tenho que ter educação de qualidade." E é isso que eu vou também buscar assegurar.

 
Jornalista: Presidente, o trem-bala, não (incompreensível) foi falado durante a campanha, é (incompreensível), o maior investimento do Programa de Aceleração do Crescimento?

 
Presidente eleita: Eu falei do trem-bala, eu falei.

 
Jornalista: Até agora não saiu detalhes do financiamento, que os consórcios (incompreensível) estão esperando para isso.

 
Presidente eleita: Bom, esse detalhe, agora, eu não sei. Agora, é absurdo achar que o trem-bala não precisa de ser feito. Nos anos 80, isso, essa conversa vigorou para metrô. Diziam o seguinte: "o Brasil não pode gastar em metrô porque metrô é muito caro e, além de ser muito caro, tem outra alternativa, como os corredores e como o transporte urbano por rodas". Com isso, nós somos um dos países que atrasou o investimento em metrô. A mesma coisa eu repito: o trem-bala, em um país continental, mas com grande densidade populacional no Sudeste e na região Sul, Sul-Sudeste, que é compatível com o trem-bala, são um absurdo as políticas que são obscurantistas, que consideram o trem-bala um absurdo. Primeiro, porque o investimento do trem-bala é feito pela iniciativa privada, e o financiamento a eles não concorre com o investimento em metrôs, porque metrô só segura sendo público. Então, não vejo nenhuma razão técnica...

 
Jornalista: (incompreensível) para poder (incompreensível) dinheiro para o trem-bala?

 
Presidente eleita: Não falta. Não falta. Por isso, porque eu vou repetir: o trem-bala é financiado para o setor privado. Não concorre com recursos públicos.

 
Jornalista: Ministra, o presidente Lula disse que vocês vão brigar juntos no G-20 pela questão do câmbio. Quais são (incompreensível) países (incompreensível)?

 
Presidente eleita: Olha, todos os países, que não são a China e os Estados Unidos, percebem que há uma guerra cambial. E eu quero dizer para vocês: em uma situação dessas, não tem solução individual. Nunca houve. Todas as vezes em que tentaram solução individual é... Você pode ter medidas de proteção do seu país. Mas quando começa uma política de desvalorização competitiva... a última vez que houve, deu no que deu. O que foi no que deu? A Segunda Guerra mundial.

 
______________: Está legal, gente. Vamos?

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Eu tratarei a Sudene e o Denocs como braços de desenvolvimento do Nordeste, com a qual região eu tenho grande compromisso.

 
__________: Ela tem que descansar, viajar...

 
Presidente eleita: Gente, eu agradeço, eu agradeço. Agora, eu me despeço de vocês, irei para o meu...

 
Jornalista: Para onde a senhora vai? Para onde a senhora vai?

 
Presidente eleita: Não acredito que vocês acreditem que eu conte! Não acredito! Mas, mas você... o que você quer?

 
Jornalista: Quando a senhora volta?

 
Presidente eleita: Hoje, eu abri... hoje, eu abri a porta da minha garagem e entraram 300 pessoas munidas de câmera. Então, você não vai querer que eu esteja lá descansando, abra uma porta, assim, e dez jornalistas perguntem para mim... mas aí eu posso dizer para vocês uma coisa...

 
Jornalista: Quando a senhora volta a trabalhar? Isso a gente pode saber.

 
Presidente eleita: Olha, eu já volto a trabalhar na segunda-feira.

 
Jornalista: Segunda-feira.

 
Jornalista: (incompreensível)

 
Presidente eleita: Não. Eu vou trabalhar aqui na segunda-feira, depois eu viajo.

 
Jornalista: É reunião, já, de transição?

 
Presidente eleita: É minha reunião. A minha reunião abarca todos os problemas. Eu agradeço a vocês a atenção. Quero dar um abraço para todos, e assegurar que meus dias de descanso eu vou aproveitar bem porque eu sei que, a partir daí é trabalho, trabalho, trabalho, inclusive, no fim de semana. Não... lá é.... não... não vou mais...
    Tchau para vocês!

  

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